Dezenove anos e nove meses de prisão por homicídio triplamente qualificado. Esta foi a pena aplicada nesta quinta-feira (27) pela juíza Márcia Simões ao réu Gerônimo Navarro da Silva Filho, que confessou ter ateado fogo no comerciante Manoel Carlos Santana da Silva, 61 anos, no dia 18 de outubro de 2014 após uma discussão motivada pela venda de um imóvel.
Foto: Arquivo
O comerciante teve 89% do corpo queimado e morreu no Hospital Geral Clériston Andrade no dia seguinte. O crime ocorreu no estabelecimento comercial da vítima, na Avenida João Durval. (Relembre aqui).
O advogado de defesa Joari Wagner entrou com recurso contra a sentença para reduzir o tempo da pena por considerar que a mesma foi elevada. O promotor Audo Rodrigues, por sua vez, considerou a pena justa.
“Se analisarmos a conduta praticada com a crueldade com que ela foi feita, independente de ter sido constatado que ele não seja uma pessoa voltada para a criminalidade, mas as consequências danosas para a família da vítima, uma vida que foi embora, da forma como ocorreu, com utilização de álcool, fogo, algemas de plástico nas mãos e nas pernas da vítima, acredito que foi uma pena justa”, declarou.
Para o promotor, os jurados entenderam que crime foi premeditado. “O acusado confessa, mas tentou justificar a conduta como se não fosse intencional. No entanto, a forma como tudo aconteceu, e as imagens das câmeras de segurança não levaram os jurados a aceitarem esta tese. O vídeo exibido teve intuito de mostrar o acusado e mais uma pessoa que ele preferiu não dizer, que foi quem o ajudou. O vídeo mostra os horários, o tempo que decorreu entre entrar no local e sair correndo e a vítima em chamas em uma certa distância. O vídeo teve um ponto muito positivo, inclusive para demonstrar que não havia qualquer espécie de violenta emoção porque de fato houve premeditação no ato praticado”, afirmou o promotor em entrevista ao Acorda Cidade. (Veja vídeos abaixo)
Fotos: Aldo Matos/Acorda Cidade
O advogado Joari Wagner disse à defesa, formada também pelos advogados Guga Leal e Alex Ribeiro, que esperava pena próxima da mínima legal.
“Nós arguimos um homicídio privilegiado por conta do relevante moral e tendo em vista que ele praticou sob domínio de violenta emoção. Então, com estas privilegiadoras, a intenção da defesa era fazer com que a pena caísse. Contudo, não foi acatada pelo Conselho de Sentença e na análise da defesa, a juíza fixou a base muito acima do mínimo legal. Ela começou a pena com 20 anos, sendo que a mínima é 12. A defesa esperava pena próxima do mínimo legal, esperando que inclusive fossem aplicadas as privilegiadoras. Esperávamos em torno do mínimo, que é de 12 a 16 anos”, explicou.
Comerciante Manoel Carlos (Foto: Arquivo Pessoal)
Por conta do recurso, o processo será encaminhado para o Tribunal de Justiça da Bahia que decidirá se anula este júri ou se reduz a pena conforme o pedido dos advogados. Joari disse que o réu recebeu a sentença com traquilidade. “Ele já estava preparando para uma pena longa, tendo em vista que o crime teve grande repercussão social na cidade de Feira de Santana”, pontuou.
O júri durou quase dez horas e foi acompanhado por amigos e familiares da vítima, inclusive o pai, Arlindo Fernando da Silva, 84 anos.
Pai da vítima (Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade)
“É muito chocante. Quando eu vi o vídeo passando aqui eu quase não me controlo porque era uma coisa que poderia ter sido resolvida de outra maneira. Quando eu fui ao hospital para vê-lo antes de morrer eu não o reconheci. Está sendo dificílimo. Era trabalhador e honesto. Se eu soubesse que a questão da casa estava com este problema eu teria resolvido", disse.
Com fotos e informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade
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