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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Efeitos do cancelamento de títulos nas eleições dividem opiniões de especialistas

Efeitos do cancelamento de títulos nas eleições dividem opiniões de especialistas
Foto: Reprodução / EBC
O cientista político da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André Souza, acredita que o número de eleitores que tiveram os títulos cancelados por falta de recadastramento biométrico vai impactar diretamente na eleição deste ano, principalmente ao se levar em conta a possibilidade de um segundo turno e os cenários de polarização que as pesquisas de intenção de voto tem indicado.

“A gente tem um impacto muito grande principalmente quando se pensa em um cenário de segundo turno, onde as diferenças são menores na polarização entre dois candidatos. Eu vejo que esses cancela
mentos acabam por criar um embaraço para uma parte do eleitorado que, de alguma maneira, poderia decidir o segundo turno e as eleições”, disse. Cláudio André chamou a atenção ainda para o padrão de votação para presidência da República revelado nas últimas eleições que, segundo ele, mostrou que um contingente de dois ou três milhões de eleitores faz diferença.

Na contramão, o professor de Direito Eleitoral Jaime Barreiros acredita que o número de títulos cancelados e consequentemente de eleitores que estarão fora do processo eleitoral não vai interferir de maneira relevante nas eleições deste ano, uma vez que, segundo ele, as pessoas que deixaram de realizar o cadastramento biométrico fazem parte, em sua maioria, do grupo de abstenção e não demonstram interesse nas eleições.

“Eu entendo que não vai ter muita relevância o fato de algumas pessoas não terem ido fazer a biometria, porque já há na verdade um número grande de pessoas que não comparecem às eleições, e muitas dessas pessoas foram justamente aquelas que não foram fazer a biometria”, disse Barreiros. “De maneira geral foram pessoas que não deram devida importância ao processo que terminaram deixando de comparecer”, completou o professor.

Cláudio André Souza atribui a não realização do recadastramento biométrico ao desafio vivido pelo país para consolidação da democracia em um momento que ele classificou como de “instabilidade”. O cientista político da Unilab critica ainda a estratégia adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a realização do recadastramento. “A minha percepção é que um país que ainda vive um desafio enorme para consolidação dessa democracia e num momento de instabilidade que a gente vive, de desconfiança da população nas instituições politicas, a forma como o TSE produziu esse recadastramento se deu, pra mim, diante de uma grande confusão, num momento em que poderia ter trabalhado de uma outra forma e usado outra estratégia”, declarou.

Na oportunidade, Cláudio André ainda comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter cancelados os títulos dos eleitores que não realizaram a biometria. “Eu acho que a decisão do STF de ratificar a decisão de cancelar os títulos pode causar uma crise ainda maior de representatividade, porque são eleitores que se verão fora do jogo democrático, e também no caso das eleições presidenciais o impacto é muito maior, num eventual segundo turno”, opinou.

Quanto ao perfil daqueles que tiveram os títulos cancelados, Jaime Barreiros diz que conta com pessoas de classes sociais variadas e não há como fazer a definição. “Teve gente de todas as classes sociais. Eu não tenho um dado para dizer qual foi à classe social que realmente foi mais atingida”, avaliou.  Por outro lado, Cláudio André diz que apesar de não existir dados ou levantamentos consolidados a respeito, a ciência política parte de uma inferência de que são “eleitores de baixa escolaridade, que estão em um cenário de vulnerabilidade social”.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral indicam que a região Nordeste registrou o maior índice de títulos cancelados. Em relação aos estados, a Bahia assumiu este posto. A respeito deste fato, o cientista político diz que pode ter efeito para o PT por exemplo, levando em conta que as pesquisas indicam que a região Nordeste concentra o maior eleitorado da sigla.

“Se a gente parte dessa inferência de que o PT tem mais apoio no Nordeste e as pesquisas de intenção de voto indicam isso, de um eleitorado de baixa escolaridade, baixa renda e moradores de municípios menores, eu acho que o PT de alguma forma pode vir a ser prejudicado, principalmente em um cenário de segundo turno”, disse.

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